A Menina que Queria Ser Estrela
Apresentação
A menina que queria ser estrela, é um espetáculo infantojuvenil produzido pela Cia Nós de Teatro em parceiria com o Grupo de pesquisa do curso de Artes Cênicas da Universidade Vila Velha - UVV "Poéticas da Cena Contemporânea" vinculado as pesquisa de Iniciação Científica PIBIC 2016 "A Voz Extra Cotidiana" de Brenda Perim, e "Campo de Alteração" de Marco Antônio Reis, ambas orientadas pela Profª, Drª Rejane K. Arruda.
O espetáculo, escrito e dirigido por Brenda Perim e Marco Antônio Reis, teve seu inicio em sala de ensaio, partindo da premissa dos mitos do folclore brasileiro, buscando mitos de outras regiões, e poucos conhecidos, como o mito do "Capelobo" e do "Sanguanel", além destes ainda passamos pelo mito do "Japim" e do "Boto Cor de Rosa". Apesar de passar por diversos mitos do folclore, o espetáculo é livremente inspirado no mito da Vitória Regia. A menina (assim chamada dentro do espetáculo) , tem que desvendar alguns enigmas para conseguir realizar o seu sonhado desejo de ser estrela.
Função Pedagógica
A função pedagógica surge
inicialmente na escolha de inserir lendas
poucos conhecidos dentro do espetáculo,
para permitir paralelos
com personagens que já conhecemos, aguçando a visão de mundo da criança que tem
a oportunidade de fazer comparações, de traçar semelhanças entre os seres de
histórias que ela conhece com as criaturas folclóricas apresentadas no texto e
desconstruídas pela estética proposta. O Sanguanel, por exemplo, pode ser
comparado a personagens como o Saci, o Gato de Alice, ou a figura do vilão, do
monstro, é um jogo de comparação realizado pelo espectador. Essa proposta entra
em diálogo com o conceito de zona proximal desenvolvido pelo psicólogo
bielorrusso Lev Vygotsky. Para a criança aprender algo novo, esse conhecimento
deve estar próximo a ela, não podendo ser algo já desenvolvido e nem algo
distante. Por isso as personagens do espetáculo trazem caracteristicas
de identificação e de estranhamento, para desta forma caminhar por um lugar
familiar que oferece algo de desconhecido. Essa é a nossa estratégia de levar
aprendizado cultural e estético sem parecer erudito, chato ou antiquado.
Por que assistir?
O teatro é uma linguagem artística que passa por muitas vertentes estéticas. Cada uma dessas vertentes valoriza diferentes aspectos da encenação, o que traz uma multiplicidade de experiências ao espectador. Infelizmente, dentro do meio do teatro infantil capixaba, estamos muito atrelados ao teatro da representação, onde encena-se peças aproximando a linguagem teatral da linguagem fílmica, oferecendo uma experiência semelhante a experiência que pode se desenvolver no cinema. A Menina que Queria ser Estrela busca levar uma experiência diferenciada, não por ser totalmente inovadora, mas por dialogar com o teatro da convenção, onde o espectador está ativo na obra, onde é necessário a imaginação da criança para compor o espetáculo. A montagem trabalha com uma estética que se aproxima da linguagem da biomecânica do russo Meyerhold, onde busca-se valorizar o desenho corporal enquanto forma de comunicação para além do texto. A proposta é estimular a imaginação e criatividade do espectador, sua sensibilidade a outras formas de linguagem tornando-o ativo dentro do espetáculo.
A inspiração no folclore brasileiro aproxima nossa cultura dessas crianças, fazendo da índia que virá a se tornar vitória-régia uma menina que sonha como qualquer pessoa, oferecemos espaço de identificação e mistério com a personagem, ensinando sobre a nossa cultura de forma orgânica, próxima as questões do próprio público, incentivando a busca pelos sonhos e mostrando as falhas que todos podem cometer através da nossa protagonista, que como todos nós, é imperfeita.
Mas podemos dizer ainda que o espetáculo não é sobre o folclore, e sim sobre as diferenças e realização de sonhos. Buscamos através de uma via indireta introduzir camadas, que faz com que o espetáculo seja acessível a crianças, adolescentes e adultos, e cada um absorve de modo diferente essas camadas.